terça-feira, maio 16, 2006

Dois poemas dos quase 47


Eu, aos 46, em foto da minha filha Natália, sem o auxílio luxuoso do quase onipresente óculos, companheiro desde os 25.

é de quem não pegar

tanta coisa Deus dá
tonto fico observando
desisti de pegar

se dou-me uma folga pra pensar
esse muito que cai do céu
eu tento, mas não sei abraçar

cada sonho em seu lugar
Deus dá demais
fico com o que deixo passar

algo, se me cabe, gruda sem pesar
sobras, descansem em paz
amigos, nada a separar

(Roberto Prado)

panorama da ponte que partiu


eu tinha lá minhas dúvidas
naquele tempo nada mais normal
passaram toneladas cúbicas
debaixo da ponte sobre o rio tao
guardo ainda uma ponta de súbitas
o tempo teima em não me fazer mal
idéias dóem, algumas ainda úmidas
vai, água suja, ardo mas digo tchau


(Roberto Prado)