sábado, abril 01, 2006

Marcos Prado e Trindade no inglês da rainha


Pouca gente sabe que o Marcos Prado deixou poemas em inglês, escritos em parceria com o Beto Trindade. Hoje, remexendo o ontem de uma gaveta, achei este sobrevivente da safra seleta das aventuras da dupla na língua de Yeats. Então, divido com vocês a preciosidade. Os outros da série, só por obra e graça do Santíssimo Trindade: está nas mãos dele. E, para quem, como eu, não entende picas de inglês, fiz a versão que segue logo abaixo do original.


An old love


I don’t want to know your age
Cause we speak the same language

I raise your dress up to your neck
You pull down my pants and find the Jack

It doesn’t matter you are old

I can smooth out all your folds

Your groans are just like a wolf’s howl
And when you come, that’s the carnival

(Beto Trindade e Marcos Prado)

Um amor velho

Não quero nem saber quantos anos você soma
Agora que nossas línguas falam o mesmo idioma

Eu ergo seu vestido até o gorgomilo, de surpresa
Você abaixa minhas calças e topa com o pé-de-mesa

Não dou a mínima que você seja uma velha
Posso até alisar suas rugas, se me der na telha

Seus gemidos são o uivo do lobo mau
E quando você goza, vovó, é o carnaval

(Beto Trindade e Marcos Prado, tradução de Roberto Prado)

quinta-feira, março 30, 2006

Leia enquanto eu lembro de esquecer

Esse aí sou eu, fotografado por não lembro quem, posando para algo que nem sei mais o que era. De vez em quando acontece comigo de certas coisas do passado parecerem ter acontecido com outro. Não digo mudar completamente, mas ver você mesmo como se relembrasse outra encarnação. Algo assim. Como não devo ser o único débil mental do mundo, pode ser que aconteça com outros. Até com você. Por isso é sempre bom dar uma boa lida no velho e bom livro de Tao, aproveitando a boa vontade do Thadeu, que postou um razoável tasco da maravilha lá no Polaco da Barreirinha (link ali ao lado). Aprender a deixar o passado passar. Mas não sem antes dar uma olhada no meu poeminha.


parafuso


longas datas até parecem ontem
monte de coisas tem memória curta
ando à cata de que me contem
certos fatos de maneira torta

o corpo crê lembranças vivas
a alma diz sofrer horas mortas
e se separam na via das dúvidas
deixando ontens para pagar na volta

então ao morrer não me desmontem
certamente falta um parafuso
algumas coisas há que se rompem
entre outras já quase sem uso

(Roberto Prado)

segunda-feira, março 27, 2006

Um brinde para matar o bicho da saudade

Hoje vai mais um poema do Beto Trindade, para afastar a quizumba de uma segunda-feira fria, garoante e cheia de bicho. Na foto ele está diante de uma igreja antiga, muito antiga, nos arredores de Londres, que ele recebeu com o encargo de transformar em um centro cultural, se o Blair deixar.

Sem selo

Papel aceita tudo
Não me venha com cartas de amor
Ir embora foi desaforo
Já vivi sozinho antes
Por minha própria escolha e/ou desculpa

Domingo de manhã
Sair pra comprar a Folha
Chinelão
Xixo de camarão
É bom e bacana
Supimpa e legal
A minha moqueca você sempre castigou de sal

(Beto Trindade)