Eu, o Alberto Centurião e o Antonio Thadeu Wojciechowski encaramos a parada de traduzir a obra do sábio chinês Lao Tse. O resultado foi Tao: O Livro. Aproveitando a deixa eleitoral, selecionei dois dos 81 textos do livro, publicado em 2001 e sob ameaça de reedição. Leiam e me digam: é ou não é?
Conservador Revolucionário
O conservador é escola do revolucionário.
O revolucionário é mestre do conservador.
Por isso o homem de Tao revoluciona a poeira dos caminhos
mas conserva o peso da responsabilidade.
Não perdendo o sono por aplausos ou vaias
a vida não lhe é um pesadelo.
É claro que é possível ordenar pelo não mandar
sem necessidade de conflitar os extremistas.
No púrido conservadorismo o bem se imobiliza.
Na frívola revolução o que é ruim vira moda.
O Ter Coração
Sábio não tem opinião nem sentimento.
Nem por isso deixa de saber o que o povo acha
e de sentir muito o que o povo sente.
O bem e o mal dos outros
lhe são indiferentes
pois estão fora de si.
O bem está bom.
O mal também.
Para o bom diz: não está nada mau!
Para o mau diz: tenha a bondade!
Tao é a virtude.
A mentira e a verdade dos outros
não lhe são diferentes
pois estão dentro de si.
A verdade é crível.
A mentira é incrível.
Para os honestos diz: é verdade!
Para os mentirosos diz: não diga!
Tao é a fé.
O sábio não precisa viver no outro mundo
pois esse é um mundo bom e verdadeiro.
No coração do sábio cabe todo mundo
e todo mundo sabe quem são seus filhos.
(Textos extraídos de Tao: O Livro, de Lao Tse, tradução de Alberto Centurião, Roberto Prado e Thadeu Wojciechowski)