quinta-feira, fevereiro 23, 2006

As aventuras do Sátiro peralta e do santíssimo Trindade

De pé, atrás do Marcos Prado, o Adriano Sátiro, hoje habitante da paradisíaca Penha, no litoral de Santa Catarina.


De mãos para o céu, o Beto Trindade, diante de igreja histórica nos arredores de Londres, que ele recebeu com a missão de transformar num centro cultural.

Pois essas duas criaturas, hoje morando em locais antagônicos do planeta, moravam em Curitiba e tinham coisas em comum. Uma rebeldia natural contra qualquer rótulo, por exemplo e a facilidade de lidar com todas as artes, isso para resumir mal e porcamente a personalidade desses dois trabalhólatras assumidos. Claro que eles foram embora de Curitiba.

Mas o que eu quero dizer é que sob a batuta dessa dupla eu aprendi um bocado sobre música, poesia, sonoridade, teatro, coerência, respeito, honra e tradição. Suei um bocado para acompanhar o ritmo alucinado dos dois compositores mais rápidos no gatilho.

Uma letra é uma letra. Fiz algumas. Gosto delas, não esqueço e nem renego. Nunca. Mas o que me orgulha de verdade nessa história de letrista e compositor é ter sido capaz da proeza de colocar versos em músicas de caras que escrevem melhor do que eu, como o Adriano Sátiro e o Beto Trindade.

Além de canções, escrevi e atuei numa peça de teatro em parceria com o Adriano, Tô de cara, coração, em 1982, um espetáculo que chegou ao cúmulo de ter público na platéia.Fui operador de som e fiz a letra da música-tema de K, o Monólogo, peça da Familía Buty King, de assombrosa memória (Trindade, Julio Garrido, Gilberto Canabarro e Eduardo Prante). Com Trindade e Adriano, juntos ou separados, participei de muitos shows, dizendo meus versinhos e até cantando, para desepero dos músicos de pouca fé, temerosos de uma invasão massiva de poetas lhes tomando o ganha pão. Mas os dois não estavam nem aí.

Não sei direito o que o Adriano está aprontando no momento. Mas posso apostar que, com ele por perto, Penha já deve ter grupo de teatro, coral, banda de rock, estúdio. O Trindade tem uma banda lá em Londres, junto com um inglês e um Palestino, a Macogna, além da carreira solo.

O legal é que eles têm duas outras coisas em comum. A primeira é que os dois são parceiros do Carlos Careqa, que não é bobo nem nada e sabe que agregar talento é um dos seus grandes talentos. Procure os discos Os homens são todos iguais, Música para final de século e Não sou filho de ninguém. E ouça para ver o que é bom. A segunda coincidência é que os dois têm CDs solo produzidos pela Homem de Ferro, de Curitiba, a produtora dos heróis da resistência Rodrigo Barros e Luís Ferreira (anjos da guarda que, além de nos darem o Beijo aa Força e o Maxixe Machine, agora estão tramando os últimos detalhes do CD Wojciechowski, com as pérolas do cancioneiro do Thadeu).

Procure por aí. Nos Cds O melhor do bom do Trindade, do Beto Trindade, é claro, e em A caminho do céu, com Adriano Sátiro e os Bem Aventurados. Ou em mp3. Coisas geniais, maravilhas que você pode dar de presente a você mesmo, esteja você disposto ou não a ir para Penha/BR ou Londres/UK.




8 comentários:

Anônimo disse...

Em tempo, "K o monólogo" é de autoria da Família Buty King, Trindade, Julio Garrido, Gilberto Canabarro e Eduardo Prante.

polacodabarreirinha disse...

Acho que estamos bem servidos de eternidade, né, Becão? Nossos amigos têm essa queda para o imortal. Vamos continuar a tratar bem deles enquanto vivos porque depois...boa noite pro gaiteiro.

Thadeu

Roberto Prado disse...

Fica a correção (quem me corrigiu? o próprio santíssimo Trindade, sem saco de preencher o formulário? da (co)autoria da peça K: a família Buty King que, além disso, criou coisas como: "meu nome é balde/ olá, roldanas/ quando chove/ cada plim/ a corda enrolada em mim" e muito, mas muito mais mesmo!

Careqa, a intenção é dar um aperitivo para que quem ainda não conhece fique faminto de conhecer. Aliás, você não sabe de algum link onde se possa encomendar as obras citadas (teus três discos, o do Adriano e do Trindade)? Abração, cara.

Thadeu, como diz o Chico Fantasma, "vamos falar o que é certo". O resto é conseqüência da milionária soma de sangue, suor e lágrimas que construiu o talento dessa geração de malucos geniais. Abraço pra você!

Anônimo disse...

E aí a coisa vai se complicando mais ainda, Becão.
Não fui eu que te corrigí antes mas vou ter de corrigí-lo agora já que a música do balde que você citou não é da Família Buty King.
Na verdade ela foi feita pelo Geraldo Gomes em parceria comigo e o Arnaldo Machado.
Uma vez contamos isto num especial na Rádio Educativa sobre o Geraldo, mas acho que só quem ouviu foi a avó do Rodrigo.

Roberto Prado disse...

Recebi, ajoelhado em milho, no canto da sala, com um chapéu orelhudo e um cartaz pregado nas costas as correções do leitor anônimo e do próprio Trindade, direto da City.

A autoria de K eu já arrumei no próprio post, vejam lá. E a correção da autoria da música já pode ser considerada feita, pois o erro ocorreu aqui mesmo, cometido por mim, logo acima e logo corrigido pelo Trindade, um pouco depois. Ufa!

"Meu nome é balde" é do Trindade, do Geraldo Gomes e do Caco Machado.

Mas voltando ao assunto, é muita coisa boa de Trindade e Adriano, sozinhos, em dupla, em trio e em família. E, como diz o Raul Seixas "tá tudo pronto aqui é só vim pegar".

Roberto Prado disse...

"vir pegar", of course.

Zoe de Camaris disse...

E eu me lembro, lá nos idos de 80, da família Buty King e da república perto da praça do skate. Quem morava lá, afinal? O Trin eu sei que sim. O Pobre? E a festa dos Librianos, o que foi aquilo?
Tem gente que foi nessa festa e nunca mais voltou...eu fui avisada, grávida que estava.

Monica

Roberto Prado disse...

Que legal você por aqui, Trótica! Bem lembrado. Mas na casa, como esclareceu o Trindade, Moravam ele, o Palito e mais o músico que eu não lembro o nome, mas não a Família Buty King. Estou com um texto do Trindade na agulha, pronto para detonar por estes dias, que é bem legal, falando do rebuliço dessa época. Beijão!