quarta-feira, setembro 27, 2006

Um texto do Tao

Eu, o Alberto Centurião e o Antonio Thadeu Wojciechowski encaramos a parada de traduzir a obra do sábio chinês Lao Tse. O resultado foi Tao: O Livro. Aproveitando a deixa eleitoral, selecionei dois dos 81 textos do livro, publicado em 2001 e sob ameaça de reedição. Leiam e me digam: é ou não é?

Conservador Revolucionário

O conservador é escola do revolucionário.
O revolucionário é mestre do conservador.

Por isso o homem de Tao revoluciona a poeira dos caminhos
mas conserva o peso da responsabilidade.

Não perdendo o sono por aplausos ou vaias
a vida não lhe é um pesadelo.

É claro que é possível ordenar pelo não mandar
sem necessidade de conflitar os extremistas.

No púrido conservadorismo o bem se imobiliza.
Na frívola revolução o que é ruim vira moda.


O Ter Coração

Sábio não tem opinião nem sentimento.
Nem por isso deixa de saber o que o povo acha
e de sentir muito o que o povo sente.

O bem e o mal dos outros
lhe são indiferentes
pois estão fora de si.

O bem está bom.
O mal também.
Para o bom diz: não está nada mau!
Para o mau diz: tenha a bondade!
Tao é a virtude.

A mentira e a verdade dos outros
não lhe são diferentes
pois estão dentro de si.

A verdade é crível.
A mentira é incrível.
Para os honestos diz: é verdade!
Para os mentirosos diz: não diga!
Tao é a fé.

O sábio não precisa viver no outro mundo
pois esse é um mundo bom e verdadeiro.
No coração do sábio cabe todo mundo
e todo mundo sabe quem são seus filhos.

(Textos extraídos de Tao: O Livro, de Lao Tse, tradução de Alberto Centurião, Roberto Prado e Thadeu Wojciechowski)

3 comentários:

+ malocas disse...

Beco,

Este teu Tao ultrapassa o ancestral.

Ivan disse...

Honorável Beco San:

fizeste falta na sessão de ontem, na Feira do Poeta -

Merda Dream está se desenhando como evento, e tua participação é uma exigência natural - saia da trapa, cenóbio escriba!

Enfim, o tao que é o tao já diz:

Amplo Espectro é um blog do caralho!

Ivan, um poeta de lápides e grandes amigos.

Roberto Bittencourt disse...

O Ter Coração, traduziria hoje H. Maturana: é a percepção do outro como legítimo outro...

Abração