sexta-feira, abril 16, 2010

Um poema de Roberto Bittencourt


As atuais circunstâncias nas lides políticas da roça iluminada me trouxeram à mente um poema do grande Roberto Bittencourt, publicado no livro Ais de cá, de 1979 (mereceria uma reedição!). Vejam aqui e digam lá.


DESGOSTO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA


Que sumam todos

que cada um parta

pela porta de sua

morte

que teima o tempo


que se danem como vozes erguidas

às teias mofosas dos deuses hirtos

que se fundam aos poucos

com o restolho de suas taras


que sumam todos

que cada um solto

pelo salto da sua

morte

seja embalsamado



(Roberto Bittencourt, 1979, do livro Ais de Cá)

4 comentários:

Ivan disse...

Então, Beco:

eu de novo, pra encher mais um pouquinho o saco -
meu comentário será infeliz, mas preciso fazê-lo: os atuais controladores da nossa assembleia legislativa não estão mais no tempo e não tem mais a respectiva "catega" (no mau sentido) do anterior controlador, aquele um quase anfíbio pantagruélico (por sinal, tenho saudade duma banda punk que nunca conheci, mas que tinha o inteligentíssimo nome de "Dead Anibal Khouri"...)...
Se estivéssmos ainda naquele tempo, corríamos o risco de amanhecer vendo alguns jornalistas com a boca cheia de formigas (ou de tatus) e não estouraria um escândalo dessas proporções. Mas agora sim o século dezoito acabou mesmo aqui no PR (eu ia dizer na APR...) e os gestores da coisa pública terão que prevaricar com um mínimo de discrição, pois a sociedade civil (leia-se: setores da mídia e da economia liberal) está se esforçando pra tirar a máscara de palhaço (que ainda está apegada à cara de todos...)...
Profético o poema do Bitten...

Roberto Prado disse...

É verdade, Ivan. Não vamos acabar totalmente com o saque aos cofres públicos mas, ao menos, vamos deixar mais difícil, de tal maneira que não seja como agoram em que qualquer Zé Mané burro como uma porta consegue afanar na boa. Pelo menos que sejamos vítimas de gênios do mal (que são poucos). Do jeito que a coisa está, como diz o camelô ao demonstrar uma bugiganga, "não precisa experiência e nem habilidade".

Giselle Corrêa disse...

Beco,
não resisti e divulguei...
beijos
gi.

roberto prado disse...

Oba, a Giselle no meu blog! bacana voc~e divulgar... acgo que o poema do Bittencourt e o assunto merecem!
Beijos, guria!