Dois poemas. Um meu, outro do Marcos. Em memória do meu irmão mais novo e na intenção do meu irmão mais velho, Douglas, que hoje enfrenta uma cirurgia no coração, lá longe, no Rio de Janeiro, mas tão perto aqui, batendo no peito.
o que aprendi com os amigos
não reneguei nem esqueci
não me acho o melhor dos vivos
até hoje, que eu saiba, não morri
aprendi, sim, e com maestria
dos todos que até hoje encontrei
o amor pelo que chamam poesia
que é hoje tudo que tenho e sei
imaginei-me ontem o pior de todos
porque almejo algo acima do solo
como se em meu cérebro eletrodos
jogassem dos 34 anos para o colo
hoje, porém, nascendo o dia azul
olhei pela janela e tudo amarelo –
havia em mim uma espécie de exul
aos amigos, à poesia, ao belo
Marcos Prado (1962-1997)
destróia
pedra que sobre pedra quer restar
o que eu sou não é mole desmanchar
implosões, marretadas e de quebra
um novo shopping center no lugar
nasci assim, fico sem jeito de morrer
vai a alma, o corpo ainda quer ser
e debaixo de uma outra civilização
bate o coração, ruína dura de roer
Roberto Prado
6 comentários:
Seentimos falta do blog. O que foi que houve com o seu provedor? Belos poemas. Tomara que tenha dado tudo certo lá com o seu irmão. beijos.
Lara
Pois então, duas boas notícias pra você, Lara. Parece que agora o provedor, que estava intermitente (você, provavelmente, conseguiu acessar por pura sorte na sexta-feira) vai e a operação do meu irmão foi um sucesso. Divirta-se.
Gostei muito do destróia, principalmente da última estrofe.
Melhoras para teu irmão e para o provedor de nosso blog.
Legal, Marilda, que você gostou. Coração não nasceu ontem, tem história e, às vezes, até essas ruínas duras de roer. O coração do meu irmão mais velho mandou boas notícias lá do Rio. Está novo de novo.
beijos
Roberto,
esse Destróia,
para o sangue
do seu sangue,
é uma transfusão
no leitor.
Comovente.
Sorry, periferia: o Fraga aqui, no Amplo Espectro!
E não para uma visitinha qualquer
mas daquelas de corpo e alma,
em pessoa.
Poesia é meio assim mesmo, parente próxima da amizade, vai chegando, chegando e pega na veia.
Seja bem-vindo e grande abraço.
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