domingo, fevereiro 04, 2007

Cruz e Souza pede passagem


Amigos. Estamos hoje aqui reunidos para ler o Cruz e Souza. Sem mais rodeios, vamos ao poema.

Vida Obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-se mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu, que sempre te segui os passos,
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!

Cruz e Souza (1861 – 1898)

2 comentários:

polacodabarreirinha disse...

Esse é dos nossos, Beco.

Thadeu

Ligia K disse...

Beco, na Casa Rui Barbosa, no Rio, eu vi algumas cartas que ele escreveu para a Gavita quando eram noivos. São lindas, enfeitadas com desenhos quase ingênuos. Bjs.