domingo, novembro 08, 2009

comovendo junto

árvores sem movimento
dói o mormaço lá fora

eu moro por dentro
vivo de brisa
e demoro longe

não vejo a hora
quebro vento
e arrumo galho

o pouso da ave
vale quanto penso
não move uma palha

apenas o sopro do sentimento
comovo uma folha

(Roberto Prado)

5 comentários:

+ malocas disse...

Assim você também me comove.

becoprado disse...

E, comovidos, ainda vamos longe!

Ivan disse...

Béco: mesmo transgredindo o princípio de despersonalização, que recomenda não usar a primeira pessoa nos poemas (isso é coisa de teoria para a produção de haicai ou algo assim, parece que se chama mu-ga essa linha de apagar o "eu"), enfim, mesmo assim, acho que este seu "comovendo junto" é o poema mais zen que li em 2009.

Continue postando!

Roberto Prado disse...

É isso mesmo, Ivan. Não apenas o haicai, mas todas as artes zen tem essa de mergulho interior para "entrar" na paisagem, até dentro e fora serem a mesma outra coisa. No livro "Perolas aos poukos", eu, o Thadeu e o Marcos escrevemos um poema interessante sobre isso, o "Eu por mim". Vou publicar por aqui. E, por fim, Ivan,meu ego, mesmo despersonalizado, agradece.

san disse...

Precisa dizer mais alguma coisa? Vá se catar, Bobby! Belê!