Soube pelo blog do
Mário Bortolotto que um "crítico" da revista Veja foi extremamente desrespeitoso com os escritores
André Santana, Marcelo Mirisola, Daniel Pelizzari e Nelson de Oliveira. Normal. Eles deviam mais é mandar emoldurar e pendurar no escritório. É uma espécie de medalha e, a partir de agora, prestarei continência cada vez que eles entrarem no ambiente. Claro, óbvio e evidente que não li a tal "crítica" ou qualquer outra seção da revista. Passei dessa fase masoquista, de ler só para "garrar" ódio. Talvez, quem sabe, um dia, numa sala de espera qualquer, se cair na mão, eu dê uma olhada. Pela reação que causou em alguns dos maiores talentos e das inteligências mais aguçadas do nosso tempo (o Bortolotto teve a pachorra de fazer um roteiro de textos lá no blog dele) dá para saber que não foi uma crítica de gente honesta, decente e trabalhadora. Só para não ficar barato e esse pessoal ainda mais espaçoso, aqui vai uma colaboração, minha e do Thadeu, sobre esse assunto:
Abaixo da crítica:
o que é que há, bicho?
Reflexões na sala de espera do hospício
cercado de cadernos 2 por todos os lados.
há os de barbicha de mágico de mafuá
quando entram na entrevista
falando pelos cotovelos
- quem lhes decifra os garranchos ?
há os que dão cotoveladas de amor
há os que ajoelhou tem que resenhar
carolas coronários do normal
- quem lhes ouve a ladainha ?
há os que se escrevem de bruços
pra justificar o dialeto
de seus amigos diletos
- quem lhes aplaude a tolice ?
há os que acertaram um dia
ao pegar de susto
e até hoje tiram o sono dos justos
- quem lhes publica a insônia ?
há os zagueiros violentos
que levantam sepulturas com seus podres
sem conseguir abrir mão do osso
- quem lhes rói os traumas ?
há, principalmente, os impublicáveis,
hienas aplaudindo a volta da carniça
que dá vida e graça às suas claques
- quem lhes fareja a sabujice ?
e há, ainda, os balões de ensaio,
egos inflados por prisão de ventre,
digerindo os cheiros do passado heróico
- quem lhes conta a verdade ?
(Roberto Prado e Antonio Thadeu Wojciechowski)
2 comentários:
Li este poema há uns dez anos, em um mural no pátio da Gibiteca, num Perhappiness daqueles. Luz. Pura luz.
Pois foi justamente neste mural que foi lido por quem não deveria, ou no momento que errado. Um editor de SP ultraracionalista (e crítico literário), que pretendia lançar um livrinho nosso. E estava bem perto de outro texto que está em post lá embaixo, o ponto crítico. Mas, tudo bem, se a carapuça serviu, o cara que use. Abração, cara!
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