domingo, maio 07, 2006

suave mãe que nos dá a sombra

a suave mão do pai fecha as cortinas
não é fácil, pai e mãe, sonhar sozinho

na triste treva o coração ingrato
ao ledo engano pede belo pesadelo
ora pela luz de um astro estranho
e fere os olhos na noite medonha

o meu, pai e mãe, sonhar mesquinho
é não sentir mais o peso do descanso
e ainda pedir uma graça: sempre ver no escuro
a palavra, cantiga, beijo, boa noite

se o mais certo é dormir sem ficar cego
não é fácil, pai e mãe, sair do sonho

(Roberto Prado)

9 comentários:

Anônimo disse...

Filigrana, Roberto,
tudo que você tecla
vira filigrana.

Roberto Prado disse...

Obrigado, Fraga.
Legal ter um leitor/poeta
que não tem medo de arabesco
e também aprendeu
a lição da mulher rendeira.
Grande abraço

polacodabarreirinha disse...

Lirismo, delírio, coisa superior.
Velho, o Fraga falou tudo e mais um pouco. Estava sentindo a falta, 6 dias sem postar nada. Assim não dá. Se vc estiver sem inspiração (rsrsrsrs) visite o meu modesto blog
www.guardadordevaca.blogspot.com

abraço

Bárbara Lia disse...

Um abraço para vc Roberto, este - não é fácil sonhar sózinho -
me pegou de jeito.
Tudo de bom prá vc, bj.
Bárbara

Roberto Prado disse...

Guardador de Vaca, estou sempre me inspirando lá no seu blog. O problema foi de outra ordem, ou melhor, de desordem cibernética, que me impediu de postar mais amiúde. Grande abraço e olho vivo lá no pasto que tá assim de gavião atrás das bezerrinhas.

Roberto Prado disse...

Bárbara, é sempre legal saber que você está passeando por aqui. Maior orgulho. Tudo de bom pra você também! Beijos mil.

Anônimo disse...

Grande Beco.Golaço.
Principalmente não saia da sua.
Abraço.
Ferreira.

fernando a. stratico disse...

oi, Beco
não sei direito por que estes poemas seus me seguraram aqui um pouco mais. Acho que tem mais mistério. E fico a pensar sobre as nossas diferenças, ou seriam semelhanças? Gostei demais de "se o mais certo é dormir sem ficar cego"
Obrigado por suas visitas lá no meu quintal. Fiquei sabendo que somente os poetas lêem poemas. Será que são bilhões deles?
Abraços

Roberto Prado disse...

Fernado, legal você por aqui. Pois eu já chamei de amplo espectro para que coubessem todas as diferenças e semelhanças que a poesia misteriosamente pode conter. Talvez até os textos que hoje te seguram menos na página um dia sejam os que vão te puxar pelo pé. Só poeta lê poesia? Pode até ser, porque ela exige uma certa cumplicidade. O leitor monta a música, o ritmo e o sentido de um jeito que só ele. Grande abraço e volte sempre! Estarei sempre caminhando lá pelo teu quintal.