segunda-feira, abril 24, 2006

falando com as paredes


a parede da direita
é amiga de infância
cheia de rabiscos, mas perfeita
sob a aparência branca

a parede esquerda me entorta
parece minha família
tem até uma porta
que abre e fecha de carícia

com a parede em frente
não posso guardar segredo
encaro o espelho enorme
apenas com algum medo

parede para as estrelas
o teto lembra jesus
lá uma lâmpada acende velas
na falta de outra luz

mas falando com as paredes
não pode faltar a da janela
por onde, olhando bem,
ainda saio por ela


(Roberto Prado)


8 comentários:

Anônimo disse...

Apenas uma palavra, genial.

Zoe de Camaris disse...

belíssimo poema, Beco.

besos,
Monica

Anônimo disse...

O que seria dos poetas, não fossem as janelas?
Bj

Roberto Prado disse...

Legal, Raimundo, você comentando por aqui novamente. Vou me desdobrar para merecer a sua palavra. Obrigado. Grande abraço.

Roberto Prado disse...

Zoe de Camaris, Trótika querida, Mônica que tem belos olhos para a beleza. Beijos pra você também.

Roberto Prado disse...

Janelas e mais janelas, Marilda, com venezianas da Pérsia ou persianas de Veneza, mas, de preferência, sempre (entre) abertas. Beijão.

Anônimo disse...

Roberto,

Lendo-o bem,
você se escancara
como ninguém
Leitores à beça
adentram seu coração
- defenestração
às avessas!

Roberto Prado disse...

Viver às escâncaras às vezes pode ser bem divertido. Mas como dói. Como disse o Leminski: "tem dias que vem visita/ em outros, apenas esfria". Grande abraço.